Kojima admite que MGS2 previu a era digital — “não era o futuro que eu queria”
Em entrevista, Hideo Kojima falou sobre Metal Gear Solid 2 e explicou que o jogo trata da sociedade digital, não de inteligência artificial. Ele lembrou que MGS1 era sobre DNA e que, nessa transição, pensou no papel dos memes no sentido biológico — ideias que se propagam de pessoa para pessoa. Kojima ressaltou a mudança do analógico para o digital como tema central e como esse cenário muda a forma como nos influenciamos.
Na segunda metade de MGS2, a narrativa muda e o protagonista Raiden vive um colapso de ‘realidade’. O jogo expõe monólogos sobre controle digital, dados inúteis e a dificuldade humana de processar o volume de informação moderno. O jogador enfrenta longas sequências de fala e é levado a questionar o que é real. Tudo isso foi usado para pensar como a mídia e a informação circulam e se mantêm na era digital.
Kojima afirmou que a ideia não era prever a IA, e sim mostrar o entrelaçar de dados digitais ganhando vida própria. Ele observou que, hoje, muitas coisas permanecem na internet sem se degradar — ‘até o grafite fica eterno’ — e que isso afeta a coesão social e facilita a desinformação. O criador se mostrou modesto ao dizer que não previu tudo, mas que parte do cenário imaginado se tornou realidade, um futuro que ele não desejava.