PAC-MAN WORLD 2 Re-PAC — Velocidade, salto e chomp: o velho clássico que finalmente joga como a memória gostaria

PAC-MAN WORLD 2 Re-PAC
Ano: 2025
Gênero: Jogos de Plataforma 3D
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★
PAC-MAN WORLD 2 Re-PAC

Começou com o estranhamento de sempre: o cérebro lembrava fases e armadilhas, mas o corpo já não topava o peso antigo. Cinco minutos depois, Re-PAC me ganhou. O controle no PC encaixa de um jeito que a mão entende sem manual: o butt-bounce cai onde precisa, o rev roll pega tração sem capricho milimétrico e o pulo duplo tem aquela margem de perdão que separa “plataforma justa” de “plataforma birrenta”. Quando tudo conversa, a memória do original vira trilho afetivo, não âncora. Passei por campos nevados, passarelas sobre ácido e drift em gelo com a sensação de que, enfim, o jogo se move como eu jurava que já se movia.

A revisão de chefes fez diferença real nas minhas noites. Aqueles encontros que eu lembrava como “trava de paciência” agora viraram quebras de ritmo inteligentes: menos repetição, mais leitura de padrão, golpes que telegráficos de verdade ao invés de “rezar” por janela. Não virei invencível; morri igual bobo mais de uma vez tentando tirar melancia de onde não dava. Mas a sensação de injustiça sumiu. O resultado é o loop ideal de plataforma: acertar traz sorriso, errar traz autópsia clara (“cheguei cedo”, “dei rev roll demais”, “tentei cortar caminho”), e recomeçar é ato reflexo.

A vila nova como hub caiu como luva. Entre fases, gastar um minuto perambulando, ouvindo vozinhas e cutucando colecionáveis que agora têm mais “texto” deu respiro à campanha. A voz nos personagens ajuda a vender o desenho de parque de diversões — nada intrusivo, só o suficiente para amarrar o humor pacmanesco à aventura 3D. E, quando a fome de 100% bateu, os colecionáveis com sinalização mais honesta me pouparam daquela peregrinação cega de tempos antigos. Ainda existe aquela banana marota que você só pega enxergando o plano lateral do cenário? Existe. A diferença é que agora a câmera e a leitura luminosa trabalham a seu favor mais vezes do que contra.

O modo de dificuldade facilitado virou meu “modo turismo” para revisitar trechos específicos sem travar amigo novato. É bom ter essa rede; não rouba a graça do normal e resolve o dilema de apresentar o jogo para alguém que só quer passear. Em PC, troquei entre controle e teclado/mouse por curiosidade e fiquei no controle para a campanha — curva e ajuste fino em plataformas ficaram mais naturais —, mas teclado+mouse brilharam em coletáveis de precisão que pedem mira certinha de câmera. O mais importante: 60 quadros travados, pós-processamento enxuto e bloom comedido deixaram a leitura cristalina mesmo nos cenários mais coloridos. Quando o gelo quer sabotar, é a nitidez que salva.

Os momentos em que Re-PAC tropeça foram quase sempre meus. O entusiasmo de acelerar com rev roll em piso traiçoeiro voltou a me cobrar pedágio, e a mão coça para “cortar caminho” onde a geometria não foi feita para isso. Quando o jogo realmente derrapa, é na herança de design de início dos anos 2000: uma ou outra fase mais longa que o necessário, checkpoint que poderia vir dois passos antes, coleção que estica um bioma meio igual. Só que a edição moderna lixa as quinas mais doloridas: menos repetição de padrão em chefe, rotas secretas que contam a história do cenário em vez de pedir salto de fé cego, ajustes de física que tornam derrota culpa sua na maioria esmagadora das vezes.

O melhor elogio que consigo fazer é simples: depois de fechar os créditos, voltei a fases específicas para caçar tempo e fruta porque a mão pediu, não porque a checklist mandou. A mesma pista de gelo que me xingou cedo virou pista de dança quando peguei o tempo de derrapagem; o mesmo pântano chato virou playground quando aprendi a “amarrar” pulo duplo com bounce para ganhar distância. Re-PAC entende que o prazer do 3D clássico está na repetição consciente — e entrega ferramentas modernas o bastante para isso acontecer sem dor.

No fim, foi a mistura de memória com tato que ficou. É o mesmo Pac-Man aventureiro que me ensinou, lá atrás, a pensar em plataforma para além do eixo reto — só que, agora, com o corpo certo para a cabeça que eu tenho hoje. Não é só um banho de loja: é um acerto de ritmo. Se você traz carinho pelo original, vai encontrar a versão que sua lembrança queria. Se chega agora, encontra um plataforma 3D enxuto, honesto e com leitura limpa — daqueles que viram “mais uma fase antes de dormir” e, de repente, já é madrugada.

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Por Leo "Blade"

Sou o Leo, geralmente jogo com o nick blade95. Sou apaixonado por jogos de FPS e amo montar PC Gamer! Aqui no Steamaníacos cuido de tudo sobre Hardware, review, preview, testes e novidades para o nosso mundo gamer!