King of Meat — Um show de calabouço, gargalhadas e tropeços calculados

King of Meat
Ano: 2025
Gênero: Jogos de Plataforma 3D
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
King of Meat

Primeira noite: lobby, quatro malucos, câmera vibrando como se o estúdio de TV respirasse. Cinco salas depois, eu já tinha decorado o compasso do golpe pesado, o alcance do pulo com giro e a hora exata de largar um Glory Move para “roubar” a cena. Quando o grupo sincroniza, a coisa flui: alguém puxa aggro, outro resolve o enigma da parede, um terceiro abre o atalho por cima, e a linha de inimigos vira coreografia com aplauso da plateia virtual. Em runs boas, a leitura de arena é cristalina — trampolim, roldanas, faixas de perigo — e o combate tem “pegada”, com janelas de cancelamento que salvam da burrada.

A graça, porém, vem do convite para criar. Entre uma run e outra, mergulhei no editor e passei quarenta minutos montando uma torta de salas com esteiras, patos explosivos e botões sincronizados — e depois fui atropelado por um speedrunner que quebrou meu layout em três minutos. Doeu? Não. Foi aula: ver o público abusar de parede, ângulo e impulso me fez ajustar armadilhas e tempo de portas como quem afina instrumento. O jogo vira um pingue-pongue entre palco e bastidor, e o prazer está nos dois lados — completar dungeons oficiais com “cara de campeonato” e testar loucuras da comunidade que variam entre genialidade e tortura.

Sozinho, a maré sobe. Sem a bagunça boa da voz no ouvido, o humor paródico pesa um pouco mais e a plataforma fica na vitrine: tem noite em que o “salto com atrito” parece travar a energia do combate, e a frustração vem menos do inimigo e mais do timing de chão. Ajustei dead zone do controle, troquei para teclado e mouse em fases de precisão e aliviei boa parte do incômodo; ainda assim, algumas sequências “tudo-ou-nada” pedem uma docilidade que o jogo nem sempre quer dar. Quando a curadoria pega uma sequência de dungeons medianas, dá saudade da turma.

Em PC, a coisa segura quando você arruma a casa: 60 FPS travados, bloom comedido e contraste alto para ler telegraph no caos — e fones, porque a mixagem “entrega” perigo por canal antes da tela. O netcode aguentou meus tropeços de conexão em lobbies públicos, com um ou outro soluço discreto em salas lotadas de partículas. Senti falta de sofá-coop para rir na mesma sala (o jogo é claramente o primo encrenqueiro do “party”), mas online resolve boa parte da fome de bagunça.

Saí com a impressão de que King of Meat sabe exatamente onde brilha: cooperação oportunista, combate com espaço para malandragem e um editor que dá palco real para a comunidade. Onde tropeça, tropeça porque o show corre rápido demais para a plataforma mais carrancuda — e porque a qualidade dos calabouços criados oscila entre “gênio” e “pega leve, irmão”. Nos melhores momentos, é um Takeshi’s Castle de fantasia, engraçado e sinceramente tenso. Nos piores, é um tapete rolante que te cobra paciência.

Mesmo assim, voltei no dia seguinte. Ajustei minha própria fase, joguei a dos outros, subi três patamares no ranking de desafios e ri alto quando alguém improvisou um “atalho” com pato-bomba que eu não tinha previsto. Para um jogo de estreia que aposta tudo em show, me ganhou onde importa: deu palco, deu plateia e me fez querer ensaiar.

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Por Leo "Blade"

Sou o Leo, geralmente jogo com o nick blade95. Sou apaixonado por jogos de FPS e amo montar PC Gamer! Aqui no Steamaníacos cuido de tudo sobre Hardware, review, preview, testes e novidades para o nosso mundo gamer!