Cace, enxerte e vença em SWAPMEAT: entre agora e molde a criatura mais absurda que você já pilotou

SWAPMEAT
Ano: 2025
Gênero: Jogos Roguelike
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★
Swapmeat

Desci no primeiro mundo com a missão da Rangus batendo no pulso, e o cheiro de ozônio misturado a carne frita me deu boas-vindas antes mesmo do primeiro tiro, quando percebi que eu próprio era o laboratório ambulante que a empresa queria usar, o que me empurrou para a frente com aquela curiosidade perigosa de quem troca o avião em pleno voo e quer ver até onde o casco aguenta.

O tutorial piscou no visor e eu já estava ajoelhado sobre um alien recém-caído, avaliando pernas com triplo impulso e um tronco que prometia soltura de torretas, e não levei cinco segundos para cravar a peça na minha carcaça e sentir o peso da decisão, porque o mapa não espera, as ondas não perdoam e cada enxerto muda o ritmo como um novo fôlego em corrida curta, então segui buscando a próxima melhoria antes que a próxima horda me engolisse.

Foi o primeiro salto triplo que me acordou de verdade: alcancei um afloramento rochoso impraticável a olho nu e ganhei uma linha de tiro limpinha sobre um bando de brutos que nem me viu chegando, e quando o tronco abriu sua torreta portátil ao meu comando, o campo se transformou num tabuleiro improvisado de cobertura e risco, e eu entendi que o jogo te dá asas e serras na mesma prateleira justamente para você escolher o caos que quer domar.

A cabeça que encontrei depois parecia piada interna de algum engenheiro sem filtro, mas bastou lançá-la para ver uma explosão de penas e estilhaços desatar um corredor, e a graça virou método quando percebi que o humor por trás das peças conversa com mecânicas sólidas, porque nada fica como adereço, tudo altera mira, recuo, cadência e leitura de espaço, e a cada arena eu me pegava repensando o que manter e o que arrancar sem dó.

Quando o rádio abriu para o co-op, aceitei um convite e dois colegas embarcaram na missão, e o planeta que já mordia passou a morder mais forte, com ondas sincronizadas por trás das dunas e elites surgindo de ângulos que exigiam callouts rápidos, então combinamos funções na marra: eu focava controle de área com torretas e saltos de flanco, o segundo jogava como batedor de alto dano e o terceiro segurava a retaguarda com um braço que varria corredores como se tivesse vontade própria.

A dança ganhou contorno depois de alguns tombos: aprendemos a ouvir o som de vento antes dos projéteis pesados, a usar a sombra alongada dos spawns para antecipar os piores pontos de estrangulamento, e a respeitar cada bioma molhado que drena impulso no exato momento em que você acha que vai escapar, e foi nessa escola de pancada que a leitura do terreno começou a conversar com o meu kit, porque build boa é a que resolve o mapa que você tem, não a que brilha no papel.

Entre idas e vindas, o ciclo da Rangus virou vício: aterrissava, colhia, enxertava, morria e voltava com uma certeza nova e essa cadência de tentativa e erro é o coração que empurra a campanha, já que cada queda desenha melhor o próximo encaixe e cada vitória dá coragem para testar uma peça ridícula que pode virar seu trunfo em dois cliques.

No controle, as armas mordem com gosto e a mobilidade incentiva uma agressividade calculada, porque é gostoso sentir o recuo conversar com a trajetória do salto e pousar exatamente onde a torreta vai cobrir sua retirada, e a clareza visual dos efeitos transforma leitura de combate em reflexo, já que você vê a consequência do enxerto no ato, e ver no ato é o que te deixa confiante para insistir no improviso quando tudo parece escorregar.

Nem tudo encaixa de primeira, e confesso que em uma run dei sorte demais: peguei uma sequência tão afinada de pernas, cabeça e tronco que virei tempestade ambulante e a tensão deu uma afrouxada, só que na seguinte o universo cobrou com mapas secos e elites mal-humorados, e precisei largar meu braço favorito por outro sem glamour que resolvia um gargalo específico, e é nessa gangorra que o jogo mostra dentes sem perder a risada.

A trilha sonora empurra o pulso e a arte joga luz em biomas que brincam com saturação e silhuetas para manter legibilidade no meio da zorra, e entre um abate e outro os textos da corporação cutucam com ironia a lógica de abate industrial disfarçada de heroísmo, detalhe que me manteve atento à fantasia de funcionário que precisa bater meta mesmo quando o chão está fervendo, e nada cria urgência como missão bem humorada com relógio escorrendo no canto da tela.

Com mais tempo de voo, o co-op provou valor de verdade: drop-in sem fricção, aumento de desafio na medida e aquele tipo de conversa alto-astral que só acontece quando cada um vira peça do quebra-cabeça do outro, e a melhor sessão foi a que terminou com um mini-chefe encurralado por duas torretas, meu salto final atravessando uma cortina de projéteis e um companheiro rindo enquanto terminava o serviço com a cabeça mais bizarra que encontramos no planeta.

Depois de muitas corridas, fechei o visor para respirar e me peguei encarando a criatura que eu tinha me tornado, costurada por escolhas que não existiam dez minutos antes, e entendi o motivo de SWAPMEAT grudar: ele transforma o combate em laboratório, o fracasso em consulta de pós-operatório e o sucesso em combustível para tentar algo ainda mais irresponsável, e quando um jogo te puxa assim, o próximo pouso já está traçado no mapa.

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Por Leo "Blade"

Sou o Leo, geralmente jogo com o nick blade95. Sou apaixonado por jogos de FPS e amo montar PC Gamer! Aqui no Steamaníacos cuido de tudo sobre Hardware, review, preview, testes e novidades para o nosso mundo gamer!

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