TROLEU: o fiscal de ônibus virou estrela (e brigão)
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A vida do cobrador nunca foi tão… performática. Em TROLEU, a rotina do transporte público vira espetáculo de humor físico e microgestão: cobrar passagem, conferir carteirinhas, dar troco, varrer confusão do chão — e, se for o caso, aplicar a lei com o sapato. A proposta acerta ao transformar tarefas mundanas em um jogo de ritmo frenético, cheio de piadas visuais, comédia de erros e um fio de desafio que escala a cada parada.
O jogo veste a pele de um “simulador de ofício” só que… debochado. O embarque abre a rodada: passageiros sobem em ondas, alguns com cédulas (exigem troco milimétrico), outros com cartão (pedem maquininha sem travar), outros com passes (precisam de verificação de foto e validade). Entre uma cobrança e outra, surgem sujeiras, objetos soltos e imprevistos que precisam de atenção imediata para evitar acidentes — ou um efeito dominó de gente caindo. Esse “multitarefa” é a alma do loop: as mãos (controladas individualmente nas interações) pegam, checam e entregam; os olhos leem o caos; a cabeça prioriza sem parar. É simples de entender, difícil de executar e, principalmente, hilário de assistir.
O tempero vem em forma de regras e consequência. Existe uma barra de satisfação que reage ao trato com os passageiros: ser solícito e eficiente baixa a tensão e, como prêmio, pode atrair um vendedor “do além” com upgrades e lotes extras de bilhetes; agir como um tirano, derrubar gente por aí ou ignorar baderna faz a barra subir e chama o fiscal para uma inspeção surpresa. Aí, o cenário vira arena: se houver irregular, a bronca cai no cobrador — e dá, sim, para tentar “resolver” com chutes, arremessos e artimanhas durante a abordagem. O nonsense funciona porque conversa com a fantasia do jogo: é exagero cartunesco em cima de uma rotina real.
O progresso é enxuto e objetivo. São seis níveis com variações (inclusive “turnos da noite” mais puxados) e um modo sem-fim para quem quer só brincar com builds e placares. Cada rota traz perigos próprios: praia com notas falsas que pedem lupa, ambientes abarrotados que multiplicam tropeços, paradas obrigatórias que empilham tarefas no pior momento. Quando o “timing” encaixa, a experiência lembra uma dança caótica coreografada na marra; quando desanda, o jogo cobra — e reiniciar costuma ser o remédio mais rápido.
A comédia física segura o espetáculo. Passageiros quicam, se agarram, escorregam, voam janela afora; o fiscal se despede arremessando-se do ônibus quando dá tudo certo; e, de vez em quando, a mecânica de briga aparece como QTE musical (acertos no ritmo de botões) que, embora faça parte da piada, quebra um pouco o fluxo de “atender, conferir, limpar, cobrar”. O saldo segue positivo: a variedade de situações, a pancadaria exagerada e os minigames de verificação dão textura ao loop sem virarem labirinto de menus.
Conteúdo e metajogo: o bastante para fisgar. 71 conquistas, placares (leaderboards) e Steam Cloud somam motivação extra; há 18 idiomas com áudio e interface em português do Brasil, o que ajuda demais a deixar as regras claras para quem entra agora. O pacote chega compacto, com preço baixo e desconto de lançamento de 20%, inclusive em bundles que combinam com o humor absurdo da proposta. Tradução: é fácil recomendar para quem busca uma noite de risadas “jogáveis”, sem compromisso épico de horas e horas.
No PC, o desempenho é estável e os requisitos são camaradas. Em hardware modesto, roda bem; em máquinas medianas, a taxa de quadros se mantém firme mesmo com o ônibus cheio — as quedas aparecem só quando o caldeirão realmente ferve, e a falta de ajustes gráficos finos limita a margem de otimização manual (o jogo praticamente entrega “é isso; aproveite o show”). No Steam Deck, a situação é curiosa: o frame rate a 60 FPS segura legal na maior parte do tempo, mas há relatos de dreno de bateria mais alto em lotação máxima e um bug chato na fase da praia com a lupa para detectar notas falsas quando se joga puramente no gamepad; alternar para esquema de mouse/teclado contorna até que venha patch. Ainda assim, fica a impressão de que o portátil é habitat natural para sessões curtas e seguidas.
O humor, vale dizer, pisa no acelerador. A página oficial adota tom abertamente satírico e descambado — o texto brinca até com “nocaute repetido em uma velhinha inocente” como catarse de autoridade. A piada é de humor negro, exagerada de propósito; quem curte slapstick desbocado vai gargalhar, quem prefere comédia limpa pode torcer o nariz. O importante: o jogo se assume absurdo, e a violência cartunesca serve ao efeito cômico — não à crueldade realista.
E o que poderia melhorar? Três pontos chamam atenção. Primeiro, o pico de caos às vezes trava a leitura: um objeto quicado em hora errada pode condenar uma run que estava sob controle; um pouco mais de “forgiveness” nas lutas/QTE ajudaria. Segundo, a variedade estrutural é limitada pelo número de níveis, então a longevidade depende muito de replays por placar e desafios próprios — ótimo para sessões curtas, menos para maratonas. Terceiro, faltam ajustes finos no menu gráfico e uma passada de bugfixes para o Deck (especialmente o caso da lupa); nada que um ciclo de patches não resolva rapidamente, até porque os devs se declaram em desenvolvimento ativo pós-lançamento.
No bolso, a proposta é irresistível: preço baixo, oferta de estreia (-20%) até 29 de setembro e dois bundles que brincam com o tema — um com o ótimo “No, I’m not a Human” e outro com “The Trolley Solution”. Para um jogo que faz rir, rende clipes compartilháveis e ainda disputa placar, é a clássica compra “pega e joga” de fim de noite.
No geral, TROLEU entrega aquilo que promete e mais um punhado de risadas. Quando engrena, cada parada vira sketch: o cobrador equilibra troco, limpa bagunça, despacha folgado, dribla fiscal e ainda tira onda com a física. É compacto, acessível, turbinado por humor físico — e tem tudo para virar queridinho de stream, shorts e clipes de “olha isso!”. Falta fôlego de conteúdo para longas temporadas? Sim. Mas, como ônibus de linha, ele funciona melhor em trechos curtos, cheios de gente e de histórias — exatamente como uma boa partida no sofá.
Veredito
Nota: 8/10. Recomendado para quem quer um “simulador de caos” com coração de arcade e risadas garantidas. Peca em variedade a longo prazo e exige carinho no Deck, mas brilha no que interessa: transformar o comum em espetáculo.
Prós & Contras (rapidinho)
Prós
- Loop multitarefa delicioso (cobrar, conferir, limpar, punir) que vira comédia emergente.
- Seis níveis + variações noturnas e modo sem-fim para brincar de placar.
- 71 conquistas, leaderboards, Steam Cloud e PT-BR com dublagem.
- Preço baixo e desconto de lançamento (-20%) com bundles interessantes.
Contras
- Caos às vezes implode runs por detalhes; QTE de briga quebra o ritmo.
- Conteúdo enxuto limita a longevidade de maratona.
- No Steam Deck, bug pontual com a lupa e consumo acima do esperado em lotação.
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