Towa and the Guardians of the Sacred Tree: forja de laços, aço e destino
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O primeiro impacto não veio de um golpe crítico, mas do recomeço. Towa exige aquele ritual que só faz sentido depois da terceira ou quarta tentativa: sair para apanhar e aprender, voltar com materiais e ideias, conversar, forjar uma lâmina que muda o “como” tanto quanto o “quanto”, sair de novo. Quando a engrenagem pega, cada run vira uma pequena história de intenções: a escolha da espada dita a cadência, a parceria escolhida define como a arena será “costurada” e o vilarejo passa a ter peso emocional, não só funcional. A sensação é de circuito fechado, mas vivo — o mundo responde a pequenos avanços, e isso empurra naturalmente para a próxima saída.
O combate ganha corpo quando a alternância entre ataque e suporte vira reflexo. Entrar estourando guarda abre sorriso, mas é a troca bem-timed para magia, cura, buff ou controle que sustenta vitórias limpas. A leitura de distância e o tempo de invencibilidade pedem atenção constante; atravessar uma investida grande sem gastar recurso vira mini-celebração. Há runs em que a escolha da lâmina inclina tudo para derretimento rápido; em outras, a arena pede paciência, debuff, empilhamento de efeitos. O jogo convida a aceitar esse vaivém em vez de brigar com ele, e nessa hora os dedos aprendem a respirar.
A forja é o coração que dita humor e fantasia. Não é só número crescendo; é um tipo de personagem que nasce da lâmina. Uma espada com sinergia de congelamento obriga a pensar o agrupamento dos inimigos; outra, focada em crítico explosivo, transforma elites em alvo de “set piece”. A certa altura, escolher o material parece escolher uma atitude. Voltar ao vilarejo com peças suficientes para tentar “aquela” combinação e ver o resultado no campo dá uma sensação de autoria rara num roguelite de ação: a build não é apenas uma tabela — ela tem textura e rosto.
No PC, a ergonomia dos periféricos influencia o aprendizado. O controle ajuda a orbitar grupos com naturalidade e a sentir o timing de rolagem sem medir pixels; teclado e mouse favorecem mira pontual para projéteis, além de alternâncias secas de prioridade quando a tela vira confete de partículas. Depois de algumas runs, a impressão é de que ambos funcionam e contam histórias ligeiramente diferentes: um estilo mais “dança” de polegar, outro mais “cirúrgico” de ponteiro. Ajustes simples — travar a 60 quadros, reduzir sombras e pós-processamento para clarear leitura visual — valem ouro quando a densidade da tela sobe.
A parte social do hub sela o pacto de repetição. Não é um lobby decorado; é um lugar que cresce, conversa e devolve sentido ao recomeço. É fácil cair na rotina de “só forjar e partir”, mas gastar dois minutos ouvindo, aceitando bênçãos e mexendo na casa muda a postura. A cada retorno, uma camada se encaixa melhor — e, quando um bônus persistente finalmente aparece no campo sem ruído, há a sensação de que o mundo lembra. O efeito indireto é curioso: a vontade de experimentar espadas novas não se apoia apenas em planilha, e sim em quem se quer ser naquela próxima investida.
Nem tudo escorrega liso. O jogo despeja sistemas cedo: espadas, bênçãos, favor, pares de função, rotas, materiais específicos… a primeira hora parece um balcão cheio de rótulos onde tudo quer ser importante ao mesmo tempo. Passado o susto, a cabeça organiza a ordem de prioridade; até lá, a cadência sofre, com menus atravessando o embalo em momentos pouco oportunos. Também há combinações de suporte que pedem mais tempo de mão para “assentar”; quando a troca não rende, fica a impressão de que o ataque puro faria o serviço com metade do esforço. É menos defeito do que curva: Towa cobra domínio de ritmo e posicionamento antes de liberar o prazer do transbordo.
Visualmente, a elegância é consistente. A arte evita exageros e se apoia em contrastes que preservam legibilidade mesmo sob chuva de efeitos. Em alguns encontros, partículas em excesso competem por atenção, mas pequenos cortes em bloom e pós-processamento resolvem sem detonar o charme. A música assume papel de cola emocional — há temas que entram discretos e, de repente, elevam um combate comum a uma luta que parece “importante”, mesmo que o inimigo seja só mais um intermediário da rota. É raro sair de uma run sem um momento de trilha grudado na cabeça.
Com o jogo travado a 60 quadros e ajustes moderados, a sensação de responsividade se mantém estável em máquinas medianas. Em picos de partículas, a taxa pode beliscar para baixo; nada que comprometa a leitura se o restante estiver sob controle. O armazenamento pequeno e o carregamento rápido ajudam a manter o ritmo “vai de novo”. E como o desenho da run é curto o bastante para caber em intervalos de meia hora, fica fácil encaixar Towa entre tarefas — o que, ironicamente, alonga as sessões.
A memória que fica depois de algumas noites não é a de um “hack’n’slash com árvore” nem a de um roguelite sobre slots eficientes. É a de um combate que pede humildade antes de generosidade. A ideia de partir, apanhar, voltar e forjar vira quase ritual zen: o fracasso que informa a próxima lâmina, a lâmina que muda a próxima dança, a dança que grava um aprendizado fino sobre distância e tempo. Quando o jogo abre espaço para isso — e ele abre —, a recompensa é um estado raro: foco sem frustração.
Ainda há arestas a polir: reduzir interrupções didáticas nas primeiras horas, dar um toque a mais de impacto a certos perks discretos, aparar combinações de suporte que rendem menos do que prometem. Mesmo assim, a balança pende bonito para o lado das virtudes. No PC, Towa encontra casa: a mecânica responde, os ajustes oferecem margens claras de estabilidade e a fantasia de “forjar identidade” por meio da lâmina se sustenta roda após roda.
No fim, a conclusão é simples: quando se aceita a dança proposta, o jogo devolve noites de “só mais uma”
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